domingo, 28 de outubro de 2012

Meu Novo Estado


Não sou mais acentuada
Sinto-me errada
Desclassificada e sem moral

Assumo meu ser marginal
Beirando a beirada
De quem não sabe nem o nada

Ainda estou desacentuada
Pálida de receio
Até o erro não mais aplico

Vou voltar...
A chata e velha gramática
E aprender de novo
Aleatório tem acento?
Pois, agora, uso
O sentido dessa palavra

Flama

Decidi
Em estilhaços do meu coração
Juntar os pedaços
Pois dessa situação
Sou palhaço

Não entendo
Não entendo mais nada
Faço arte
E acho graça
Enquanto eu me desfaço

Mas se castigado sou
Devo aceitar meu fato
Não sei onde a vida errou
Ou se o certo não é o que acato

Pergunto-me
Por que me apresentou?
O amor
Se nem tocar posso
E vivo a ilusão dessa dor

Tão malvado foi
Tentando o que não sei
Ou me culpo...
Por ser fora da lei
Afina, eu errei?

Se querer pecar é pecado
Que o inferno me tenha
Ardendo como meu coração abandonado
Enquanto a vida ainda coloca lenha

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

“Desordem”


Imersa em dúvidas
Questões e perguntas
Esboçando sonhos
Rabiscando medos
Encontrando refúgios

Pobre nômade
Sugando almas tristes
Esperando que isso resolva
Que traga a irrealidade
Ao real

Pobre ser
Fora de seu hábitat
O mal esteve a raptar
A áurea está longe
Das estrelas e o luar

O que se faz?
Será o desconhecido capaz
Ser um lar?
Não há mais volta
Tremendo azar
Ou destino inato
Dádiva?
Estar onde não devia estar

Tal mundo estranho
Não sabe se acanha-se
Ou espanta-se
Com um lindo canto

Tal mundo confuso
Não sabe de seu uso 
O que resplandece 
E logo acontece 
A “desordem”

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Entre Van Gogh


Não sou artista porque pinto
Ou porque esculpo
Sou artista porque sinto
E do que sinto
Arte faço

Arte que também é refugio
Segredos
Lágrimas e sorrisos
Medos

O interior
Que não mais julgo meu
Nem seu
Mas nosso

Não faço o que sou
Sou o que faço
E do que faço
Se faço
Arte sou

Não sou artista porque quero
Sou porque devo
Ou morro
Trancafiado dentro de mim mesmo

Crio
Se instigo
Se sou instigado
Creio
Em meu estado

Louco
Mal amado
Apaixonado
Farto
Insaciado

Perdido
Em pensamentos
Sentimentos
Ordinária loucura
Não atura nada
Ama tudo
Mudo
Deixo arte falar


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Something


Let me free myself
Flying around, around
All this Earth

Let me keep myself
Quiet and alone
Searching the answers by my own

Let me be
Allowed to see
To feel me

Just let
Never lasts
Always the true me

domingo, 23 de setembro de 2012

Poder

Encaro vosso olhar
Estou a cantar
Aconchegar nossos corações
Nesses tempos de guerra

Não temo falar de paz
Ou amor
Não temo dizer verdades
Ou desmascarar autoridades

É a pura expressão do meu ser
Lutando por meu ver
Para estar em tempos melhores

Quanta audácia tens
Em dominar um povo
Em cuidar de falsos bens

Quanta tristeza tens
O espelho de seus atos
Expresso nas diversas lágrimas
Não existem táticas
Quando se fala da falta de amor

Por qual caminho segues?
Ainda espere que a felicidade chegue?
Não negue a si a vida
Não espere que o tempo cure sua ferida

Sem mais palavras
Sem mais promessas
Não precisamos dessas ideias
Só do seu amor

Por onde se perdeu?
Grande criança,
Quem te machucou?
Por que ninguém te mostrou?
Queremos cuidar de você

Ajudaremos seu ser
Seu ver
Estar, ganhar e perder
Descobriremos o que é viver
Seremos o que fomos e tivemos
Esperaremos você crescer

Derramor II

Perco palavras
Pensamentos
Estradas
Tento me encontrar

Não quero saídas
Escapadas
Mensagens não lidas
Experiências não vividas

Procuro entradas
Brechas
Passagens secretas
Como te conquistar?

Atravessar muralhas
Fortalezas
Acabo quebrando certezas
Não estou ilesa
Também sou presa
E deixo-me levar

Estou tentando aprender
Não é fácil entender
O que tenho que viver

Derramor

Há uma luz
Que me guia
E com meus pés nus
Passos dou

Há uma luz
Que se acanha
Com tamanho amor

Há uma luz
Que se perde
Não sabe o que fazer
O que deve-se ser?

Sentimento incerto
Confuso
E em mim desperto
Algo que nunca senti

Há uma luz
Que com outra luz
Encontrou-se
E doa-se sem razão

Infeliz coração
Frágil e alado
Foi-se e não sabe voltar
Busca desesperado
Saber como amar

A Vida das Estátuas

As estátuas falam
Elas querem falar
Não respeitam a inércia de seu fato
De não poder falar

As estátuas choram
Elas podem chorar
Quando de nossos olhos a lágrima cair

As estátuas riem
Como se do riso elas surgissem
E do encontro dos olhares vissem
Como um espelho do seu olhar em nosso olhar

Que intenso destino levam
De vida e morte
Beleza e sorte
Sonhos com pernas
E o sonhar

Perdem identidade
São arte
Parte do nosso e seu ser a se misturar

Torta hospedagem
Miragem
Na linguagem do olhar

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Narrativa


Sinta-me

Adentrar teu peito acanhado
Fazer-te esquecer de tudo
Libertar teu coração alado
Preso a este mundo

Permita-me

Sussurrar
Esbravejar
Minhas palavras
Fazendo disso tuas memórias
Enquanto entrelaças a sua história

Seja em prosa
Ou poesia
Livre-se das amarras dessa vida
E pegue a próxima linha
Cruzando palavras

Um novo mundo de descoberta
E você se quieta
Só para escutar
Ouve com o coração
Entrega-me tua mão
Que te guio por esse lugar

Conto em contos
Versos
Sonetos
Faço de meu medo seu medo
Entre segredos

Confuso nossos pensamentos
Perdemo-nos no tempo
Vivemos os escritos soltos ao ar

Não deixamos morrer as frases
E habitantes dessa fantasia
Crescem nossas crias
De um destino incerto

A cada estória
Uma tentativa
Subjetiva
Apenas sentida
Por quem ousou se aventurar

sábado, 31 de março de 2012

Viva Vida


Queria um barco
Para ir sem rumo
Chegar ao marco
Nas entranhas do sumo

Navegar sem destino
Deixar tocar o sino
De chegadas e partidas
Vindas e idas

Libar a paz
Enlouquecer em solidão
Ser capaz e fugaz
Sem poder de decisão

Estar cada dia em um lugar
Não poder ficar
Ser de ninguém
Sempre ir além
Desbravando o mar