domingo, 1 de maio de 2011

Em pós bomba


A última folha seca cai sobre o gramado repleto delas. A nua árvore exibe com mais clareza sua casca. Perfurando o couro, chegando às veias, aonde meu sujo sangue corre, fugindo de mim mesmo. Lembro-me como se fosse agora.  Era apenas uma tecla. Mas foi o suficiente para algo entrar, sem bater, entre duas janelas. Janelas que um dia receberam de braços abertos, o ar puro. Porém, agora, estão trancadas. Os cadeados feitos de sangue escorrem entre minhas mãos. Era só eu ter dito não. Seria mais patriota que ser condenado fraco por uma nação que borra seu nome com pétalas da preta flor. Dádivas que choram inúmeras lágrimas. Lágrimas que também escorrem em mim. Eu me arrependo. E grito ao mundo, se quiser. Mas sei que não quer. Pois eu matei corações e ainda mato. Eu esfaqueei laços do corpo e alma. E se essa for a verdadeira verdade, que ela amarre junto a minh’alma, minhas eternas desculpas. E que essa minha ferida exposta, profunda, aguente as imagens e suporte a dor. Eu admito minha frieza e o meu erro. E entrego a ti, vida, meu corpo como uma mísera recompensa de meus atos.

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